CASTELO ENGENHARIA E ARTEPARAUSAR APRESENTAM: A PRAXIS DO DESENHO DE ELKE HERING 1958-1992 Exposição Virtual 2022

 

Neste ano de 2022, Elke Hering completaria 82 anos. No dia 19 de fevereiro de 2022 fazem 28 anos que Elke nos deixou. Rafaela Hering Bell, filha da artista lançou no dia 19-02-2022 até 19-03-2022 a EXPOSIÇÃO VIRTUAL- A PRAXIS DO DESENHO DE ELKE HERING.

São 60 desenhos do acervo pessoal de Rafaela mais material didático resumido que ficarão disponíveis pelo site www.arteparausar.com.br. O objetivo desta exposição é disponibilizar gratuitamente de maneira bem democrática este material para que todos, incluindo professores, bibliotecas e videotecas possam usar sem custos este acervo de imagens. Elke Hering iniciou sua carreira com desenhos e chegou a produzir mais de 25.000 desenhos, dentre eles, estudos humanos, estudos de escultura, retratos, nus e pop art. Mas boa parte deles, lamentavelmente foram perdidos na grande enchente da década de 80. Assim, salvaram-se apenas 1200 que foram divididos entre os herdeiros após seu falecimento.

Nascida em 10/08/1940, era bisneta de Hermann Hering, um dos pioneiros da indústria têxtil no Vale do Itajaí. Escultora, desenhista, gravadora, pintora, com incursões na área de tapeçaria, design e programação visual, tornou-se logo, uma referência da arte catarinense e da escultura nacional, sendo a única artista catarinense a participar do Livro “Um Século de Escultura no Brasil”, de P.M. Bardi e Jacob Klintowitz, do Museu de arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Em 1969, casou-se com o poeta Lindolf Bell, com quem teve três filhos. Pedro, Rafaela e Eduardo. Rafaela Hering Bell, é curadora e mantenedora vitalícia de sua memória e de seu acervo. O casal, inaugurou em 1970 com os parceiros Péricles e Arminda Prade, a primeira galeria de arte de Santa Catarina, a Galeria Açu-Açu.

Elke Hering estudou inicialmente com Lorenz Heilmair, pintor e vitralista alemão, tendo auxiliado o artista na execução de grandes vitrais religiosos da Igreja São Paulo Apóstolo em Blumenau e de trabalhos similares em Porto Alegre (1957). Estimulada por Heilmair, viaja a Europa, onde estudou com Anton Hiller na academia de Belas Artes de Munique (1958/1960). Em Salvador (BA), realizou estágio no atelier de Mario Cravo Júnior (1961). Mais tarde ao receber bolsa de estudos do DAAD, frequentou em Munique a classe do escultor dinamarquês Robert Jacobsen, professor da Academia de Belas Artes (1966). Em 1968, Elke, ganha o II Salão Esso de Artistas Jovens/MAM/RJ, e vai aos Estados Unidos com a idéia de experimentar um material novo no mercado, chamado plavinil. “Elke Hering foi uma das primeiras artistas do sul do país a explorar experiências abstratas e a apresentar esculturas-objetos, recobertos de plavinil com apelo pop, como os carretéis gigantes que nos falam das indústrias de Blumenau”. Na década de 1980, a artista explorou intensamente o bronze e passou a criar obras para exposições em espaços públicos. Também trabalhou com cimento, ferro, plástico, gesso, alumínio e uma espécie de integração da escultura com a pintura, que ela chamava de “pintura 3D” e outros materiais que permitiram materializar seu espírito inovador. Na sua última década de produção, criou diversas esculturas em cristal (SCHVARTZ).

Elke circulou por mais de 10 Salões de arte nacionais, em duas Bienais de São Paulo, entre os anos de 1965 e 1972, e na Bienal Internacional, em 1973. Devido a seu destaque no cenário da escultura nacional, seu nome foi citado em principais jornais e revistas do Brasil e também fora do país. Sua obra de caráter vanguardista relaciona-se com a arte contemporânea, tanto pelo uso de materiais quanto pela temática. Em seus trabalhos de pintura, destacam-se elementos naturais regionalistas, assemelhando-se com trabalhos da modernista Tarsila do Amaral e do holandês Piet Mondrian (SCHVARTZ). A artista produziu experimentos poéticos integrando artes visuais e poesia, aproximando-se conceitualmente do construtivismo internacional, do concretismo e neoconcretismo brasileiro.  Além de esculturas abstratas em bronze, Elke produziu esculturas monumentais ao ar livre, carregadas de simbologia. De 1990 a 1993, mesmo período em que seu câncer avançava, Elke se conectava com seu lado mais cristalino, transparente, espiritual, através da sua última fase as esculturas em cristal.

Em 1994 após seu falecimento, foi criado o Salão Elke Hering, mostra nacional contemporânea de artes visuais. O Salão vem conquistando uma projeção crescente e ocupando significativo papel na educação visual dos sujeitos, recebendo artistas de todo o país, e alcançando um público que vem se consolidando ao longo de suas edições.

Os desenhos originais desta exposição estarão disponíveis para venda através dos e-mails rafaela_bell@hotmail.com e com a parceira Vera Lucia Rebelo(Uta) vera@rebelo.adv.br.

ESTA EXPOSIÇÃO TEM O PATROCÍNIO DA ENGENHARIA CASTELO E ARTEPARAUSAR

 MUNCH E PICASSO (para minha mãe Elke Hering) texto Rafaela Bell

Era 1993, não lembro exatamente o mês. Mas lembro-me que foi a última exposição que vi com minha mãe. A exposição estava acontecendo no MASP (Museu de arte de São Paulo), e eu a convenci a irmos juntas, já que ela estava bastante debilitada por causa do seu câncer, e saía raras vezes de casa. Edvard Munch, expressionista, esquizofrênico, genial.  Autor da obra” O grito*, talvez sua mais conhecida. Mas aquela exposição trazia uma coleção de mais de 30 obras. Fomos andando, e começamos a sentir uma dor de cabeça simultânea. De repente, o quadro, “A mãe morta”. Cinza, frio, tétrico, silencioso. A morte exposta da forma mais cruel e real. Saímos eu e minha mãe em total silêncio. Não falamos mais de Edvard Munch, nunca mais. Minha mãe faleceu em 1994 e algum tempo depois fui sozinha ao Ibirapuera ver uma Bienal. Depois de ver grandes nomes chego à Sala de Picasso e deparo-me com a “Guernica”, talvez também a sua obra mais famosa. Não me emocionei, nem ao menos senti um palpitar mais alto em meu coração, e disse a mim mesma (em pensamento), cadê a genialidade deste Picasso que não me comove? Percebi que ao lado havia uma parede com pequenos desenhos em carvão. Fiquei imediatamente embriagada e de repente deparo-me com um, que devia ter uns quinze por 20 centímetros, e tinha como título: “A mulher escreve uma carta”. Era uma mulher de costas, com um coque, debruçada sobre uma escrivaninha, e mesmo sem ver a expressão em seu rosto ou o conteúdo daquela mensagem, permaneci mais de uma hora de pé, em frente daquela ilustração.

Naquele momento percebi que eu era a mulher de Picasso escrevendo uma carta para a mãe morta de Edvard Munch. Por vezes me perco vendo uma exposição, noutras te encontro, mãe, em paz.

Rafaela Bell 1997

MAIS INFORMAÇÕES: Rafaela Hering Bell 47 996324557 ou Uta Rebelo vera@rebelo.adv.br

ELKE HERING

Mostras Individuais: Fez individuais de 1964-1986. Centro Catarinense do Rio de Janeiro/64, Galeria Mobilínea de São Paulo/65, Fundação Universidade Regional de Blumenau/69, Radio diário da Manhã de Florianópolis/69, Museu de Arte Contemporânea do Paraná/85, Retrospectiva do Museu de Arte de Santa Catarina- Florianópolis/76, Yara Kraft- Escrit. De Arte –Porto Alegre /84, Retrospectiva do Museu de arte do Paraná/85, Retrospectiva do Museu de Arte de Santa Catarina- Florianópolis/85, Itanhangá Art. Center Rio de janeiro /86. Galeria Arte Aplicada São Paulo /87. Retrospectiva Galeria Municipal de Blumenau/dez87.

Mostras Coletivas: De 1959 a 1984, participou de exposições no exterior e em quase todos os estados brasileiros. Entre elas: Academia de Belas Artes-Munique/59, I Coletiva de Artes Plásticas Barriga Verde- Blumenau/71, Múltiplos- Petite galerie-Rio de Janeiro/72, Brasil Arte Agora- MAM/75, Mulher Visão do Artista-Museu de Arte de Joinville/77, Quatro Damas da Arte Catarinense-MASC/80, 500 Anos de Arte do Brasil-MASP-SP/1981, Um século de Escultura no Brasil-MASP-SP/1982.

Salões: I Salão Esso de Artistas jovens-Mam/RJ/65, I Salão de Arte Contemporânea de Campinas/65, I Salão Pró-Arte Nova de Blumenau/65, XII Salão Paranaense de Belas Artes/Curitiba/65, Salão deAbril/MAM/RJ/66, II Salão Esso de Artistas Jovens/MAM/RJ/68, II Salão Jundiaiense de Arte/ Jundiaí/72, Panorama da Arte Atual Brasileira/MAM/SP/72, 29 Salão Paranaense/Curitiba/72, Brasil Pláticas/72, Fundação Bienal de São Paulo, I Salão Barriga Verde de Artes Pláticas da Mulher/Blumenau/75, 33 Salão Paranaense/Curitiba/76, 24 Salão Paranaense/Curitiba/77. IV Salão Nacional da Caixa Econômica de Goiás/Goiânia/77, II Mostra de Desenho Brasileiro/Curitiba/80.

  Premiações:  

1959- Menção Honrosa, Concurso Anual da Academia de Belas Artes de Munique

1965- Medalha de Bronze, I Salão Arte Contemporânea de Campinas.

-Medalha de Ouro, XXII Salão Paranaense de Belas Artes

1968- Prêmio Aquisição, II Salão Esso de Artistas Jovens RJ

1971- Prêmio Melhor escultor Unissanta/UFCS

1972- I Prêmio, Pintura, II Salã Jundiaiense de Arte

– Referência Especial, Pré Bienal de São Paulo

1977- Prêmio aquisição,34 Salão Paranaense

1980- Prêmio aquisição, 2 Mostra do Desenho Brasileiro

1984- I Prêmio Escultura, Salão Chapecoense de Arte

1994- Elke Hering Falece em Blumenau em 09/02/1994.

– Criação do I Salão Nacional Elke Hering de Arte Contemporânea-Blumenau/SC

– Exposição de Cristais na Casa João turim Curitiba/PR (Rafaela Hering Bell)

1998- Medalha de Mérito Cultural Cruz e Sousa-Flrianópolis-SC (Rafaela Hering Bell)

2005- Inaugurada a Sala Elke Hering no MAB Museu de Arte de Blumenau (Rafaela Hering Bell)

2015- Instalação de um grafitti de Elke Hering na Pração Emil Fischer de Blumenau

Acervos Públicos e Particulares Suas obras fazem parte do acervo de instituições culturais de Blumenau, Florianópolis (MASC, Reitoria da UFSC e assembleia Legislativa), Curitiba (MAC/PR), São Paulo (MAM), Campinas (MAC), Rio de Janeiro (MAM), e de coleções particulares do Brasil,  e vários países estrangeiros. Em 1986, executa a escultura gigante de concreto para o Museu de arte de Santa Catarina (MASC), monta atelier no Rio de Janeiro. Ainda é nome de Rua, e tem seu nome nas Salas do MAB, e do MASC.

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