Fevereiro pode ser considerado o mês oficial da volta às aulas. É o momento que marca o fim das férias e o início da rotina do ano. É o início de um novo ciclo, porém, muito do que foi vivenciado volta a aparecer, principalmente ela, a ansiedade. “Muitos estudantes, só de pensarem que as aulas vão voltar, já ficam ansiosos” afirma a psicóloga Nayra de Paiva Oliveira.

Aproximadamente 80% dos estudantes brasileiros se sentem muito ansiosos e estão entre os mais ansiosos do mundo. Segundo a psicóloga Nayra, “é importante lembrar que a ansiedade não é ruim; a ansiedade é um sistema de proteção do nosso corpo, como se fosse um alarme, a função dela é disparar quando algo novo e diferente acontece. A ansiedade está ali, quietinha, mas pronta para te avisar”. A psicóloga explica que o problema acontece quando a ansiedade está em excesso: “imagina esse alarme disparado o tempo todo, incomoda, atrapalha, não é possível se concentrar. Nesse caso a ansiedade não está cumprindo a sua função, o que prejudica muito a vida do estudante”.

Para quem vai fazer vestibular, Enem, concurso ou provas de maneira geral, que impactam a vida da pessoa existe uma pressão grande. A psicóloga Nayra explica que se, por exemplo, um vestibulando tem zero ansiedade, o comportamento dele será de não se preocupar com a prova, não estudar, não ler o edital, até chegar atrasado para fazer a prova, porque não tem uma motivação e interesse. “Porém, se um estudante, hoje, em fevereiro já começa a passar mal fisicamente, acredita que não vai conseguir uma boa nota na prova que é lá em novembro, não consegue se concentrar para estudar, chora, entre em desespero só de pensar em na sala de aula, é um problema. Nestes dois casos, a ansiedade não está em equilíbrio, não está cumprindo sua função”, afirma a psicóloga.

Neste sentindo, muitos estudantes quando ouvem a palavra provas ou até ir para a escola, acabam apresentando alguns sintomas listados pela psicóloga: “vem o medo de ser reprovado, medo de não passar no vestibular ou concurso, medo de tirar uma nota ruim, medo de ter medo. Além dos sintomas físicos: coração acelera, boca seca, garganta tranca, não conseguir dormir, suor excessivo, entre outros”.

Então, qual seria o exemplo de um estudante com a ansiedade em equilíbrio? A psicóloga Nayra relata: “é uma pessoa que estuda porque sabe que para alcançar seu sonho de fazer uma faculdade terá que fazer uma prova, existe essa motivação, mas essa pessoa consegue se concentrar, estudar. No dia da prova vem o frio na barriga, a mão fica gelada, mas ele abre o caderno de provas e começa a ler e essas sensações vão diminuindo, desaparecem, ele responde e missão cumprida!”.

A pergunta que não quer calar: como ser este estudante com a ansiedade equilibrada? A psicóloga apresenta algumas dicas importantes:

1 – Aceitar o erro. O sistema de educação pressupõe e valoriza sempre o acerto. Mas, nem robôs acertam o tempo todo e muito menos pessoas. Foi mal? Reprovou? Não passou? Faz parte ficar triste, chateado. Se abrace, tenha compaixão com você mesmo. Diga: “eu fiz o meu melhor e está tudo bem”.

2 – Entender seu propósito. Como diz a frase de Lewis Carroll: “Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”. É importante se questionar: Para que quero esse curso, concurso, essa profissão? É um desejo meu? Muitas pessoas vão seguindo o que outros falam e não se permitem fazer o realmente gostam. Quando existe esse movimento de se questionar isso pode prevenir o desgaste emocional.

3 – Fazer pausas. Não! Não é descanso produtivo! O corpo e a mente precisam de cuidados e intervalos. Exercícios, alimentação saudável e com certeza um momento para fazer alguma atividade que não seja estudar. É o momento para recarregar a energia e ter forças para continuar estudando.

4 – Se organizar. Fazer um plano escrito do que estudar, com horários e intervalos auxilia a diminuir a ansiedade. Lembre-se de fazer um plano realista, respeitando seus limites. Se em um dia você estudou uma matéria mais difícil, no outro escolha uma que é mais fácil para você. Use materiais alternativos, vídeos, músicas, imagens.

5 – Respeitar sua jornada! Você já tem muitas conquistas! Você existe, está aqui. Não é o que te falta que fará você se sentir melhor, é perceber o que você já tem, o caminho que você trilhou e o que você conquistou! Por isso, junto com seu material de estudos separe um caderno ou post-it e escolha um dia para escrever seus agradecimentos! Isto faz com que você perceba que você já conseguiu muitas coisas e também diminui sua ansiedade.

Recado final da psicóloga: “lembre-se que uma prova não define quem você é. Ela é apenas um recorte, um momento da sua vida. Se não deu certo, não é um fim, é apenas um caminho que não deu certo, ainda existem vários outros que podem ser percorridos”.

Nayra de Paiva Oliveira – Psicóloga – CRP 12/20567